segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O céu e o inferno

Já fui daquele tipo exageradamente certinha. Hoje tento ter um equilíbrio entre o juízo saudável e o pecado aceitável.
Uma parte da minha vida é “padrão” – estudar, trabalhar, ser dona de casa, sair nos finais de semana.
Uma outra parte é composta pelo “nem tão convencional” – não, eu não sou tão inconseqüente a ponto de precisar de entorpecentes pra “sair da rotina” e viver na night pra esquecer dos problemas.
Minha loucura é um pouco diferente: posso "amadurecer" anos em apenas alguns dias quando meu pai já não está mais presente. Posso decidir mudar de estado e ir morar sozinha em menos de uma semana. Posso, em minutos, trancar uma faculdade de dois anos e decidir apenas estudar italiano. Posso mandar pro espaço uma cabeleira que demorou mais de quatro anos pra ficar longa em apenas dez minutos. Posso, em três horas e meia fazer a minha primeira tatuagem com um tamanho beeem considerável no ombro e, em menos de duas semanas, inventar de fazer mais uma.
Posso, em apenas algumas horas, decidir mudar de emprego sem ter certeza do próximo.
Posso, em segundos, esquecer muitas horas de sermões de pessoas medíocres que me julgam pelas minhas escolhas, pelas minhas tatuagens, pelas minhas roupas.
Posso, em minutos, mudar todos os conceitos sobre amor que demorei tantos anos pra construir. Posso morder a língua ao descobrir que muitas coisas ditas se voltaram contra mim. Posso me arrepender por querer comprar o que antes desdenhei.
Posso sentir saudades de coisas que antes julgava serem tão simples, quase ridículas.
Sempre achei que os grandes corajosos não são os que fazem as coisas erradas ou ilegais. Os grandes corajosos são aqueles que sabem a hora de largar tudo que se tem em nome de um sonho e que, em seguida, podem voltar atrás e começar tudo de novo.
E é nessa coragem que se esconde a parte mais intrigante da minha vida: aquela onde ficam guardados os meus sonhos.
Nem sempre eu sei o que quero da vida (talvez quase nunca): tem dias que eu queria estar numa megafesta em Ibiza, e outros que eu gostaria de estar sentada sozinha no Ninho das Águias com meu mp3.
Há momentos que eu queria ser mais famosa e admirada que a Hayley Williams e outros em que me contento em cantar no chuveiro.
Às vezes, queria ter uma megamansão em Beverly Hills e, às vezes, estaria feliz com uma cabana no Pinhal.
Por muitas vezes penso em passar a vida sozinha, vagando de estado em estado, país em país. E outras vezes só queria estar com alguém que me amasse de verdade numa velha casinha com uma bela trilha sonora de fundo.
As vezes tenho vontade de continuar aqui onde estou, e outras em que só queria estar no meu quarto na casa da minha mãe.
E sei que isso nunca vai passar, sei que vou passar a vida mudando de idéia. Apagando sonhos e pondo outros no lugar. Eu sou assim, eu sempre fui assim, e talvez sempre seja. A constância é estável mas nem sempre tem graça. Nem sempre é fácil, mas no final, pode ser divertido.
Posso não ser a pessoa mais equilibrada do mundo, talvez eu nem queira ser. Não fecho os olhos pro lado perturbador da vida, porque é justamente ele que nos faz dar valor à calmaria.
Quando eu morrer, não quero que contem a “História de uma vida”, mas sim a “História de uma aventura”.



"Mesmo tendo juízo não faço tudo certo.
Todo paraíso precisa um pouco de inferno. "

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