terça-feira, 19 de outubro de 2010

Gentileza

Esta semana mal começou e já tem sido bastante movimentada para mim. Devido a isso, tem sido difícil postar alguma coisa aqui no blog. Mas hoje precisei postar a minha reivindicação.
Para começar, gostaria de citar um trecho de uma música da Marisa Monte que, inclusive, inspirou o título do meu post e que não sai da minha cabeça nos últimos dias: “...Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade merecemos ler as letras e as palavras de gentileza...”. A música, do meu ponto de vista, fala sobre a necessidade que temos de ver e ouvir palavras e atos de gentileza, ainda mais da maneira desenfreada como vivemos hoje.
Porém, o que vivi hoje foi o completo oposto da gentileza. Depois de um dia cansativo de trabalho, habitualmente, tomei meu caminho para casa de ônibus. O coletivo estava bastante cheio e tive que ficar em pé no corredor carregando algumas sacolas e minha bolsa. Em Florianópolis, assim como em qualquer capital e cidade de médio a grande porte é natural que, em determinado horário do dia, o transporte coletivo fique bastante sobrecarregado. E é sempre de bom tom que as pessoas que conseguiram se sentar ofereçam-se para carregar no colo as bolsas das pessoas que estão em pé no corredor para minimizar o desconforto causado pelo peso e pelo excesso de espaço ocupado pelos pertences dos passageiros.
Mas conforme pude perceber, esse hábito tornou-se uma raridade. A dita cuja que estava sentada na minha frente viu que eu estava sobrecarregada e que as pessoas ao meu lado tinham dificuldades para se movimentar por culpa das minhas sacolas, no entanto a desgraçada não teve a mínima reação diante da minha dificuldade. Por vezes, fingi quase cair em cima dela com a minha bolsa, remexia minhas sacolas tentando diminuir o espaço ocupado por elas, fiz cara de desconforto. Mas nada fez a queridona se sensibilizar. Obviamente não tive nenhuma reação, não posso simplesmente obrigar uma pessoa a ser gentil quando seu cérebro limitado não conhece este adjetivo. Mas como num filme, pude me imaginar enchendo a menina de socos e pontapés. 
Cheguei em casa cansada, “moída” mas viva. A falta de gentileza da menina não estragou meu dia nem me abalou, mas me fez refletir a respeito do quanto essa falta de consideração atinge pessoas que não estão em tão boas condições físicas quanto eu. Já vi idosos ficarem em pé enquanto jovens sentam-se confortavelmente nas poltronas dos ônibus. Já ouvi minha colega de trabalho grávida dizer que tem que pedir licença para sentar-se no banco preferencial. Já vi um cego gritar por ajuda para poder atravessar uma avenida e já vi outro cego quase ser atropelado por um motoqueiro idiota ao tentar atravessar a rua.
E como se não bastasse todo esse tipo de absurdo ainda posso citar algumas coisas a mais:  você quer apenas um pouco de paz até chegar em casa, e no banco ao seu lado há aqueles inconvenientes que resolvem colocar o MP3 no alto-falante sem se importar se o ônibus inteiro gosta ou não daquela maldita coisa que chamam de “Rebolation”. Ou então aquelas únicas pessoas que não calam a boca dentro do ônibus que vai pra faculdade, enquanto todos tentam descansar. Ou aqueles pais que resolvem falar palavrão e ter atitudes desrespeitosas na frente dos filhos. Ou aqueles fumantes desgraçados (e menores de idade) do boliche de uma cidade que não vou citar nome que ainda não descobriram que, mesmo em cidade pequena, já é proibido fumar em local fechado e mal arejado. Ou o gerente desse "local" que ainda diz na minha cara que não tem como fazer todo mundo parar de fumar.
Lembrar de todos esses absurdos sem ter vontade de fuzilar alguém é impossível. Não gente, eu não sou mal-humorada nem moralista nem mal comida. Apenas não consigo entender como a sociedade chegou a esse ponto. Não compreendo como é possível que as pessoas tenham se tornado tão insensíveis às dificuldades alheias. Se nem um idoso, uma grávida ou um deficiente físico despertam um pouco de solidariedade acredito que nada nem ninguém mais possa fazer isso. Infelizmente, a gentileza e o respeito não são itens que podemos comprar no supermercado nem em grandes lojas de marca. Esses valores vêm de berço, não importa se ele é de madeira ou de ouro. E mesmo quem não teve berço não tem justificativa plausível pra ser um adulto mal-educado. Não vivemos mais na Idade da Pedra.
Mas, apesar de tudo, agradeço aos céus por ainda existirem pessoas gentis no mundo. Agradeço ao menino que me ajudou com as minhas malas no aeroporto, a menina que carregou minha bolsa quando ela estava muito pesada, ao motorista de ônibus que reabriu a porta pra eu entrar atrasada, ao rapaz mais amado do mundo que me ajudou quando passei mal numa festa.
Todas essas pessoas, mesmo que brevemente, fizeram uma grande diferença na minha vida. Elas me mostraram que gentileza é algo que se pode passar adiante. E que uma mão solícita e um rosto iluminado por um sorriso de franco respeito merecem muito mais permanecer na minha memória do que uma loira chata que não se ofereceu pra carregar minha bolsa.

P.S.: ninguém percebeu que esse post foi carregado de indignação.. hehehe

3 comentários:

  1. quem é o rapaz mais amado do mundo que te ajudou?

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  2. Realmente Gentileza é uma palavra que não existe no vocabulário de muuuitas pessoas! eu não gosto de falar disso mas eu me considero mt gentil, sempre tento agradar ao máximo os outros mesmo q isso acabe me atrapalhando, mulher carregar peso na minha frente eu piro o cabeção, mulher de pé e eu sentado já eh certo q eu me levanto e ofereço a cadeira, essas coisas são pequenas, mas q nos enxem (ou enchem sei lah) de alegria, eu fico mt feliz em poder ajudar os outros, soh qm eh gentil pode saber a felicidade com que ficamos após um ato de gentileza.

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