quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Crianças

O feriado de doze de outubro sempre foi um dia muito especial na minha infância. Era o dia em que eu ganhava o tão esperado presente do Dia das Crianças. Um dia cheio de alegria e encantamento. Mas esse tempo se passou e hoje esse feriado é uma das poucas oportunidades que, em função do meu novo trabalho, posso descansar.
            E um dos meus programas favoritos nesses dias de descanso é pegar meu mp3 e ir caminhar pelo bairro. Às vezes sento embaixo de alguma árvore numa pracinha pra observar as crianças brincando, às vezes deito no trapiche pra observar o céu e volta e meia sento na beira do mar pra ver as ondas. Mas dessa vez, o foco do meu passeio foi diferente: durante minha caminhada vi várias crianças andando de bicicleta, vi um menininho brincando feliz com seu cachorro no pátio de casa e depois sentei para observar algumas crianças brincando na beira da praia.
            Fiquei ali observando e pensando como, vivendo num mundo cheio de compromissos, problemas e metas, as crianças conseguem brincar tão despreocupadas. Foi então que lembrei que elas eram apenas crianças cuja única obrigação, naquele momento, era se divertir e brincar. Então percebi o quanto nós, adultos e projetos de adultos somos quase sempre tão hipócritas. Estamos tão ocupados pensando em como ensinar as crianças que mal percebemos o quanto temos a aprender com elas. Estamos tão obcecados tentando ganhar a vida e conquistar bens materiais que não percebemos como é linda a simplicidade dos desejos de uma criança.
E não satisfeitos em sermos tão estupidamente adultos ainda roubamos a infância desses pobres anjinhos inscrevendo-os em concursos de beleza, fazendo festas de aniversário em salões de beleza, comprando brinquedos mais caros que o nosso aluguel, incentivando as crianças a serem tão vazias quanto nós. Estamos transferindo desejos não realizados para as crianças e mal percebemos o quanto elas precisam de pouco para serem felizes. E não somos inteligentes o suficiente nem para seguir o seu exemplo, a sua simplicidade.
            É evidente que ninguém vai abandonar suas obrigações pra viver uma infância tardia. Apenas acho que devíamos resgatar um pouco daquilo que sentíamos quando éramos crianças. De como era fácil nos surpreendermos, de como era bom comer um Kinder Ovo, de como era gostoso voltar da aula e não ir tomar banho pra assistir o Disney Cruj, de como era divertido subir nas árvores do pátio do colégio, de como era fácil ser feliz com tão pouco.
             O mundo é um lugar muito sério para ser encarado como um parque de diversões. Mas, sem dúvida, ele seria muito mais divertido e menos amedrontador se soubéssemos explorá-lo com a curiosidade e pureza de uma criança.

Um comentário:

  1. E como era bom ser criança, viver sem preocupações e com o simples objetivo de se divertir e ser feliz...
    Ah se pudéssemos resgatar estes momentos maravilhosos!
    Vamos resgatar nosso lado criança...
    Afinal, depende de nós sucumbirmos a este mundo dúbio e cruel ou recriarmos nossas vidas utilizando estes sentimentos genuínos que fazem parte da nossa infância e se perdem no tempo...
    Um beijão no teu coração!

    Fê.

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