quinta-feira, 16 de setembro de 2010

DisTraída

Tudo vai aparentemente bem no namoro. Claro, você não namora um príncipe nem está vivendo nenhum conto de fadas - essa impressão dura apenas alguns míseros meses (agora você vive no mundo real, querida). Mas pelo menos você tem certeza de que não ficou com o sapo.
O cara te entende, é legal com você, te trata bem e é bonito. Mas vocês discutem de vez em quando e você até deixa escapar que, às vezes, deseja estar solteira novamente. Não, não é saudade de ficar com outros caras, você apenas sente saudade da sua liberdade. Princesinha ingênua, você não sabe o erro que cometeu. Você estava tão mergulhada nos seus desejos reprimidos, você já estava há tanto tempo cansada do seu pseudopríncipe e nem se dava conta, você ficou tão... distraída.
Aí um belo dia você chega em casa e descobre as gavetas vazias. Sim, o Senhor Corajoso tirou as cuecas de casa enquanto você não estava, a única coisa que ele esqueceu foi a vergonha na cara bem lá no fundo das gavetas. Quando ele finalmente dá as caras, ele te pede um tempo. Você, que acha que tempo é quase mais ridículo do que cueca samba-canção, devolve a aliança na mesma hora (mas pros amigos ele diz que foi ele quem terminou). Apesar de ter tido uma atitude corajosa e digna, você não entende nada. Como pode, estava tudo tão bem? Mas, pensando bem, você não lutou muito pra reverter a situação. Será mesmo que você não estava aceitando, de bom grado, a idéia do “tempo” permanentemente?
Então você segue a sua vida com a tão sonhada liberdade, quando você descobre o real motivo do “tempo”. Você andou tão distraída que não percebeu que foi, com todas as letras, traída. E como poderia? Você não costuma esperar dos outros atitudes que você não teria. É difícil perceber a falta de caráter de uma pessoa a quem você dá as chaves da sua casa.
O engraçado de tudo é que você não está chateada por ele estar com outra pessoa, ele tem esse direito. O que te deixa irada é o fato de você ter confiado em alguém que não merecia. Em alguém que se mostrou tão covarde.
  Sim, eu compreendo que você tenha pensado em mil maneiras de assassinar o dito cujo da maneira mais dolorosa possível. Mas, no fim das contas, você sabe que a atitude mais digna nessa hora é não tomar nenhuma atitude. A única diferença de você ter descoberto tudo agora é que, daqui por diante, você não será mais tão suscetível aos enganos das paixões momentâneas, que você não vai se enganar apenas com um belo rosto e palavras bonitas. O que realmente constrói (e destrói) uma pessoa são as suas ações.
As pessoas mais experientes costumam dizer que se você nunca foi traído, algum dia você será. Mas você acredita que é por causa desses ditados idiotas que as pessoas se traem: por medo de serem traídas. Você sabe que não é preciso amar uma pessoa para ter consideração por ela. Por mais que tenha sido uma experiência ruim, você não vai querer alimentar esse ciclo vicioso de falta de caráter. Você segue firme apostando na confiança, mesmo que ninguém mais acredite.
Afinal de contas, você sabe que o mundo dá voltas e que tudo de bom que você fizer vai voltar pra você, assim como as coisas ruins também. Você inclusive descobriu (você sempre acaba sabendo das coisas, mesmo morando numa cidade grande) que o traidor também já é corno. Hahahahahahah!

P.S.: Qualquer semelhança com a minha vida é mera coincidência.

7 comentários:

  1. Sigo idéias, não pessoas.
    Gostei das suas.
    Bjo
    Neto

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  2. obrigada
    me senti honrada
    lindo elogio
    se tiver alguma sugestão, estou aberta
    ;D
    bj

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  3. Texto bem forte e bem verdadeiro! Eu ainda não entendo a traição, oque ti leva a ela? Beleza? insatisfação com a parceira? Dinheiro? Oportunidade? eu não sei, e vou continuar não sabendo. Já vi muitos amigos traindo namoradas e eu perguntava o pq disso, e eles nunca realmente sabiam dizer pq isso. Acho que para doar o seu coração, a sua mente e o seu ser, há muitas coisas em jogo, não se brinca com o coração, vc precisa conhecer bem, estudar a pessoa, testar ela se preciso, se isso demorar um dia um mês, um ano, paciência, melhor esperar pela certeza de algo que será feliz do que apressar algo que possa ser infeliz! E ainda acrescento, não existe amor a primeira vista, isso é pura ilusão!

    ;)

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  4. Apesar de o texto não ter nada a ver com a minha vida (rsrsr) achei pertinente falar sobre o assunto. Acho que uma traição não se justifica, apesar de o namoro já estar à beira do fim. Mais vale um pé na bunda do que um par de chifres.
    Em todo caso,acredito que uma traição, com o tempo, vai se revelando como algo muito positivo.
    Sempre dizem que pra dar valor ao céu, você precisa conhecer o inferno...

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  5. Belo post, Tine...
    Incrível como me encaixo perfeitamente (como sempre) em cada palavra que disseste.
    A traição, na minha opinião, não é passível de justificação. É algo que por natureza não tem explicação aceitável. Ninguém a aceita e sim, aprende a conviver com ela. É um soco no estômago, uma dor excruciante.
    Como sabes, já senti isso na pele também...
    Agora, perder a confiaça em alguém que confiávamos de olhos fechados, isso sim é f%$#. Porque, de certa forma, passamos a duvidar da lealdade das pessoas que nos cercam, uma paranóia total. Mas depois, ficamos mais fortes e aprendemos a discernir as pessoas com as quais temos qualquer tipo de relacionamento.
    Só para constar, fiquei feliz com o comentário do Alex. Sinal de que ainda há exceções. Não vamos perder as esperanças, Tine! xD
    Beijão... =*

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  6. haha!
    traição é sempre um tema delicado.. quem já passou por isso sabe como é difícil e não deseja essa experiência nem pro seu pior inimigo.
    ah sim.. o post do alex nos dá esperanças! vivaaaaa! \o/ hehe
    ;D
    bjoo

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  7. Oláa,

    Belo texto!
    Eu imagino o quanto foi sofrido tudo isso.
    Pois eu também fui vítima desse mesmo pseudopríncipe.

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